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terça-feira, 24 de maio de 2011

Vivendo a Realidade da Engenharia de Petróleo - O dia em que a Sonda Atolou




Boa Noite Leitores,

O ano era 2008, começo do mês de maio, o dia? Domingo. Por volta de 12h00min, a Diretoria da empresa, após almoçar com inúmeros convidados em um restaurante especialmente montado na ilha, aguarda ansiosa a chegada da sonda para aquele que era o primeiro campo de produção da empresa e o primeiro em uma ilha, aqui, ao menos, no Nordeste. 

No continente estavam eu, que fazia o ultimo dos 6 embarques de todo o “circo” da sonda (o famoso DTM – Desmontagem, Transporte e Montagem), o canadense, Superintendente da Sonda, um tradutor dele e a própria sonda. Iríamos embarcar assim que o comandante da balsa desse seu OK. A maré subia rápido, então, o Comandante me disse: Temos que ir agora! Eu participei a decisão do Comandante ao Superintendente da Sonda que, por sua vez, disse: Let`s Go! Mas, como já disse em artigos anteriores, sempre tem um, a sonda estava no cais, no continente, e os motoristas na ilha (quem conhece uma sonda terrestre sabe que não é para qualquer um pilotá-la). 

Falei ao gringo: We`ve got a problem, Buddy! 

Gringo: What`s going on? 

Eu: Your rig is here but both drivers are in the island! 

Gringo: If that`s the problem I can solve it. I do drive! 

Bem, amigos, se o Superintendente da Sonda disse-me que pode dirigir quem sou eu para duvidar. Então Let`s Go, Baby!

Posicionamos a sonda no cais, eu era o “flanelinha”. Decidimos entrar na balsa de ré. Mas (sempre tem um), a sonda possuía duas patolas na traseira muito baixas e, com a maré subindo, impedia a sonda de vencer a rampa de embarque, o gringo forçou e enganchou as duas patolas. Eu disse em inglês: Saia e vamos tentar de frente. Acho, que ele, por orgulho ferido por não ter conseguido na primeira vez, continuou na marcha-ré e acelerou tudo! Resultado: As patolas furaram a chapa da rampa da balsa, quase arremeçando-a ao meio do rio, e aí que não saia mesmo. Ficando os dois eixos dianteiros no solo e os traseiros suspensos no ar, fazendo com as patolas uma “ponte”. E, com as tentativas de sair, as rodas dianteiras, cavaram um buraco no solo e a sonda atolou! A carreta de tubos produção, que posicionamos na sonda, primeiro, para contrabalançar, emborcou e ficou, quase, com a cara na água. E a maré subindo! 

Fizemos de tudo para desatolar a sonda, tentamos madeira, pedra e o diabo a quatro. Tive uma ideia, vamos usar o cavalo tração das carretas, não deu certo, outra ideia vamos pedir auxilio na cidade, que vive da cultura de arroz e têm muitos tratores, eles vieram, mas, eram impotentes para puxar as 35 toneladas da sonda. 

Após quatro horas de tentativas frustradas chegaram dois tratores “heavy-duty” que conseguiram, a muito custo, puxar a sonda. 

A Diretoria, cansada e envergonhada de esperar, com os convidados, num domingo no sol numa ilha remota na foz do rio S. Francisco, decidiu pegar as lanchas e ir embora (lá não pega celular), imaginem com que humor estavam! E, também, imaginem com que “carinho” eles estavam se preparando para me tratar na segunda, na sede em Aracaju! É, caros leitores, até explicar... 

Abraços e até a próxima.



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